São Jorge precisa dos jovens para o desenvolvimento da ilha.
A ideia foi defendida, quarta-feira, pelo presidente da Câmara Municipal das Velas, António Silveira, durante a abertura da XXII Semana Cultural.
O autarca referiu na cerimónia que “é preciso encontrar formas de fixação dos jovens à terra, sob pena de estagnarmos o desenvolvimento por não termos gente suficiente e com a capacidade e o entusiasmo da juventude”.
Entre as medidas propostas pelo autarca das Velas para a fixação dos jovens estão a criação de postos de trabalho e apoio aos casais jovens.
António Silveira tem sido dos poucos autarcas que tem tido consciência do maior problema que atinge São Jorge, e não só.. atinge todos o Arquipélago (excepção será São Miguel e Terceira).
A falta de condições para a fixação de jovens é uma responsabilidade de todos: Empresários empreendedores, instituições sociais, (que não vivam à sombra do apoio estatal), Juntas, Municípios, Governo... já aqui o disse e referi. É sem dúvida um grande problema que exige políticas de médio e longo prazo, exige muita paciência, muita determinação e muito empenho. Não se resolve nem em 4 nem em 8 anos. Vão para além do tempo típico que dura o mandato de um Presidente de Câmara ou um Governante do Governo Regional. Como é um problema mais complexo e que necessita de políticas mais estáveis e talvez menos visíveis, é-lhes dada a atenção irrisória.
Eu não sei bem como resolver esse problema. Diria que os Açores têm de apostar num tipo de desenvolvimento que consiga atrair mão de obra e capital humano qualificado: melhor dizendo, tem de criar um modelo de desenvolvimento onde sejam necessários os jovens que vão para fora estudar e que depois tenham emprego para voltar. Essencialmente emprego e qualidade de vida. Emprego porque não serve de nada ter políticas de habitação altamente elogiosas, se não há trabalho. Qual é o engenheiro ambiental, o jornalista, o médico, o economista, o professor, que sonha ter uma carreira em crescendo que irá para uma ilha como São Jorge, Graciosa, Flores (para dar apenas alguns exemplos das ilhas de coesão)? Sejamos realistas: serão poucos. E isso é um facto (basta ver o número de estudantes que depois não voltam - o que, digo, não acho nada censurável; não estamos propriamente numa missão patriótica, porque ninguém pode nem deve ser obrigado a desistir do seu sonho de vida)
O problema essencial é o emprego, repito.
Temos de aproveitar as potencialidades de cada uma das ilhas para nos especializarmos nos sectores mais rentáveis e produtivos por forma a atrair os jovens qualificados. Esse será o principal factor de atracção. O outro será a qualidade de vida (cujo conceito varia de pessoa para pessoa).
Exemplo de uma política que me parece muitíssimo importante: incubadoras de empresas. Basicamente o Governo Regional apoia durante 1 ano (ou menos) a criação, na sua fase inicial, de uma empresa, atribuindo um espaço de poucos metros quadrados para a pessoa se organizar, com net, telefone, água, luz, e sendo auxiliado por técnicos especializados em relação a questões relativas à facturação, contabilidade, burocracias, etc etc. É exemplo de um caminho a seguir. Outro exemplo: incentivos fiscais para grandes empresas (ex. EDA, entre outras) que se comprometam a colaborar na criação de novos projectos por parte de jovens empresários independentes, através da transferência de tecnologia, conhecimento (know how) etc.
Mas infelizmente a política tem-se resumido mais em saber se se constrói mais aqui ou ali, assim ou assado, tudo superficial que não mostra uma visão de futuro.
4 comentários:
Tu que gostas de pesquisas..epah..deixo-te aqui uma pequena pesquisa
Manuela Ferreira Leite, Durão Barroso, e Paulo Portas, juntos, defendiam com garras o projecto.
Cimeira ibérica
TGV: Portugal e Espanha definem quatro ligações
Por Lusa
07.11.2003
Os Governos português e espanhol acordaram a construção de quatro eixos de ligação ferroviária em alta velocidade, acrescentando às ligações Porto/Vigo, Aveiro/Salamanca e Lisboa/Madrid uma entre Faro e Huelva, confirmaram hoje fontes dos dois Executivos.
MAs afinal, a Ferreira Leite quer ou não o TGV???
Ou só está a usar o TGV como MANOBRA para atacar o governo..
Não se percebe esses lideres do PSD
Eu respondo com muito gosto e acho que só não percebe quem não quer.
O que a Dra. Ferreira Leite, Durão Barroso e Paulo Portas defenderam foi de facto a construção do TGV com quatro linhas. Isto em 2003, como bem aponta.
Ora, nós temos de comparar o contexto em que as coisas foram assumidas.
A situação económica de 2009 é bem diferente daquela que enfrentava-se em 2003. Em 2003 estava-se a combater o défice e já se apontava para a construção de novas infra-estruturas porque isso era possível à data. Hoje não é. E isso é fácil perceber. A crise económica atinge mais facilmente uma economia pequena, frágil e dependente (das exportações, p. ex para Espanha). Portugal está nessa situação. As empresas têm maiores dificuldades de acesso ao crédito tal como o Estado. Recorrer ao crédito é hoje mais caro do que em 2003 (taxas de juro aumentaram). Mais, a nossa dívida pública aumentou de 13% em 99 para 95% em 2009. Acha que perante estes números temos capacidade para nos endividarmos ainda mais? Ter temos, levamos é o país ao fundo e quem irá pagar é você, e serei eu como todo o contribuinte do futuro. Imoral é por isso lançar-se em grandes obras em vésperas de eleições porque isso iria comprometer as gerações futuras e as opções políticas futuras.
Eu acho que não é difícil perceber.
Mas acho que apontar incoerências à Dra. Ferreira Leite é quase para rir quando o eng. técnico José Sócrates tem uma lista muito longa de promessas que ficaram por cumprir. E se a 1ª era possível de concretizar na altura em que foi projectada, as de Sócrates como o aumento de 150 000 empregos é mais demagogia que outra coisa: o Estado não (deve!) criar empregos. As empresas sim.
Já agora, porque neste blog é só anónimos a comentar. Não há ninguém que dê a cara pelo que diz?
Cumprimentos
Ora bem..eu apontar incoerencias da Sra. Manuela Ferreira Leite???
Entao veja só :
A 25 de Junho de 2009, dizia Manuela Ferreira Leite, num jantar de final de legislatura com os deputados:
“Vamos rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social”
No dia 9 de Julho, terá dito:
"Não há nenhuma medida anunciada por este Governo com a qual eu discorde. Eu nunca disse que rasgaria políticas sociais. Não há nenhuma medida a que o PSD se tenha oposto ou que tenha criticado sequer"
Cumprimentos
Concordo consigo quando pretende dizer que a Dra. Ferreira Leite não é a melhor comunicadora. Por vezes não consegue transmitir realmente aquilo que pensa. Nisso estamos de acordo.
No entanto, eu não vejo a qualidades dos políticos exclusivamente pela sua capacidade de comunicação. Vejo pela substância, pela visão de futuro, pela seriedade e responsabilidade (algo que a extrema esquerda aqui está bem longe de personificar..). Porque em termos de comunicação, não tenhamos dúvidas que o eng. técnico Sócrates ganhava. Mas eu prefiro políticos com substância, com curriculum e com sentido de Estado. Isso eu vejo na líder do meu Partido.
Curriculum? É doutorada.
Necessita da política para proveito pessoal? Não.
Tem sentido de Estado? Sim.
Sou sincero. Tou um bocado farto de ouvir o nosso PM dizer que vivemos no país das maravilhas. Tou um bocado farto dos discursos propagandísticos e da baixa política que ele pratica, mesmo no Parlamento, órgão de soberania no qual deve responder!
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