sábado, dezembro 05, 2009

Falsas escutas de Vara e Sócrates

Chegou ao nosso mail, dois documentos digitalizados que, alegadamente, seriam as transcrições das escutas entre Armando Vara e José Sócrates. No entanto, reforçe-se o alegadamente. Porque, à vista de todos, estas escutas, que, aliás, já são do conhecimento da generalidade dos bloggers e jornais, são falsas. Porquê? Diz-nos o jornal i:

Face Oculta

Transcrição falsa das escutas a


Sócrates circula na net

por Adriano Nobre, Publicado em 05 de Dezembro de 2009 | Actualizado há 3 horas
Fonte da investigação diz ao i que não há transcrições das escutas. Apenas "sumários"
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Tem um carimbo da Comarca do Baixo Vouga, uma referência aos Serviços do Ministério Público e a indicação "extracto da transcrição" com três datas: 30 de Junho, 19 de Agosto e 4 de Setembro. São, supostamente, transcrições das conversas telefónicas entre José Sócrates e Armando Vara, que tanta polémica geraram n as últimas semanas, no âmbito das "escutas" do processo Face Oculta. Circularam ontem pela internet, através de emails, blogues e redes sociais, transformando-se rapidamente no tema de conversa do dia. Mas sem fundamento: o documento é falso.

Segundo fonte da investigação do processo Face Oculta contactada pelo i, a veracidade do documento que ontem circulou é logo desmontada pela base: ao contrário da ideia alimentada no discurso político das últimas semanas, as conversas entre José Sócrates e Armando Vara nunca terão sido transcritas na íntegra, tendo sido apenas alvo de sumários, resumos e descrições dos temas abordados nos telefonemas. Ou seja, seria impossível ter acesso a extractos das transcrições integrais das conversas, pelo simples facto de não existirem.

Para lá das questões relacionadas com a substância do documento, várias fontes judiciais desvalorizaram o assunto pela apresentação incorrecta: as transcrições oficiais de escutas são feitas em papel timbrado da PJ, não utilizam a expressão "transcrição da conversa" mas antes "sessão" e são apresentadas em folhas numeradas. Nenhum destes critérios é cumprido no documento que ontem circulou. Além disso, a própria forma como são apresentados os diálogos entre Sócrates e Vara levanta fortes dúvidas sobre a veracidade das conversas: o registo é demasiado formal e distante do registo habitual de uma conversa oral.

Contactada pelo i, fonte do gabinete do primeiro-ministro desvalorizou o tema: "Obviamente, não há qualquer comentário a fazer", respondeu. Até ao fecho desta edição, Armando Vara não esteve disponível para comentar estas "transcrições".

Do ponto de vista jurídico, a produção do documento falso, com recurso a carimbos do Ministério Público, levanta também questões sobre a possível prática de crimes de falsificação de documentos ou de crimes contra órgãos de soberania.

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